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abismo, Cristas, desgraça, Maria Luís Albuquerque, Montenegro, Passos Coelho
Depois de ter passado mais de ano e meio a anunciar a chegada do diabo, única e inexorável perspectiva reservada às ingratas massas que em fatídico dia de ida às urnas reincidiram no despautério – sim, que a coisa nem sequer é nova – de dar à Assembleia da República uma composição que permitiu alinhamentos conducentes a uma nova situação política, depois desses longos meses, dizia, eis que o PSD, num contorcionismo digno de registo, veio agora reclamar a paternidade não da desgraça que tanto havia apregoado e afinal não veio, mas do sucesso que todos dizem ser a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE).
Foi a nossa herança, foi a nossa herança, disse sem pudor Luís Montenegro, fazendo-se esquecido das vezes sem conta que o líder do seu partido, Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e demais correligionários garantiram para quem os quis ouvir (ou não querendo a isso foi obrigado, tal a repercussão nos órgãos de comunicação social dominantes) que a reversão de medidas que tomaram era um passo a mais para o caminho do abismo. Aumento de pensões? Desgraça. Aumento de salários? Fatal. Reposição de direitos? Despautério. E por aí adiante. Nem à lupa e com boa vontade se encontrará uma vez que seja o PSD a reconhecer que o empobrecimento geral da população, a verdadeira herança dos quatro anos do governo PSD/CDS, não foi o caminho para o «sucesso» que hoje, revertidas, ainda que muito insuficientemente, as suas políticas, diz ser o do País.