TRAVAR A LIQUIDAÇÃO da PT, APURAR RESPONSABILIDADES, DEFENDER O INTERESSE NACIONAL
1. Pela mão de sucessivos governos do PS, PSD e CDS, a PT, Portugal Telecom SA, a primeira empresa portuguesa, foi e está a ser conduzida à destruição. Portugal pode perder assim a principal empresa de um sector estratégico para o país, milhares de postos de trabalho directos e indirectos, assumida vanguarda tecnológica e da qual dependem centenas de PME.
Perante a agonia da PT, manifestam-se agora na praça pública, num mediático muro de lamentações, actuais e ex-responsáveis políticos e partidários, administradores, gestores do PSI 20 e de entidades reguladoras, comentadores e articulistas que, ao longo de duas décadas, inspiraram, engendraram e apadrinharam de múltiplas formas o que agora abortou, num desastre económico, social e político de enormes proporções!
Duas, tão grandes quanto cínicas, «preocupações» são agora expressas: a procura e descoberta de bodes expiatórios, absolvendo a política de direita e os governos e partidos que a executaram, PS, PSD e CDS; o apelo ao Estado para que intervenha, e a PT seja salva… do mercado, dos «abutres» que a rondam, naturalmente para a entregar de novo ao «bom» capital português ou, pelo menos, ao capital europeu!
O rol dos ditos «bodes» é interminável. Dos gestores – que eram todos de excelência e premiados – aos capitais e governo brasileiros. Dos que se opuseram à OPA da SONAE/Belmiro – que ia ser o verdadeiro guarda-chuva da PT – aos que permitiram o negócio da VIVO com a Telefónica. Da idiossincrasia portuguesa – «a mania das grandezas» – à falta de «uma estratégia nacional» de sucessivos governos que, contrariamente aos espanhóis, não ajudaram «os empresários e as empresas a criar gigantes mundiais», privados, naturalmente. Passando pela promiscuidade da política com os negócios, os órgãos de comunicação social, ou mesmo as entidades reguladoras.
Quando se relembra que uma das primeiras medidas do Governo PSD/CDS foi a liquidação da Golden Share na PT contando com o apoio cúmplice do PS, que ajudara a inscrever esse objectivo no chamado memorando de entendimento, decisão essa que praticamente liquidou a possibilidade de o Estado português intervir na defesa dos interesses do país, mais claro fica que muito do que se escreve e afirma nesta altura, mais não é do que um exercício de hipocrisia e branqueamento de responsabilidades.
Espantosas são as declarações e acusações do actual Ministro da Economia, Pires de Lima. Porque, sem qualquer ponta de vergonha, diz agora o que nunca disse como deputado e dirigente do CDS, como Presidente de uma grande empresa portuguesa, e já como Ministro do actual Governo, concentrando em Sócrates e em Ricardo Salgado todas as responsabilidades! Já era Ministro e nada disse ou fez para se opor à fusão da PT com a Oi, enquanto se mostra, retrospectivamente, favorável à OPA da SONAE ou da integração na Telefónica! E o grande problema, pelos vistos, foi a ausência de gestores «qualificados», a gerir «em função de uma agenda alinhada com os accionistas, e não de agendas próprias»! Diga-se, além do mais, uma crítica injustíssima para gestores que transferiram para os bolsos dos accionistas, desde 2000, 11,5 mil milhões de euros! Foi mesmo a empresa de base nacional que mais dividendos proporcionou aos seus accionistas! O que aliás é reconhecido por Luís Nazaré, ex-Presidente da ANACOM, que, contraditando o Ministro, afirma que «desapareceu tudo em três tempos, fruto de um conjunto de erros, da pequenez nacional, da ganância exacerbada dos accionistas e da falta de estratégia de longo prazo»!
E o pior é que Pires de Lima, perante o desastre, se submete inteiramente à lógica dos interesses que conduziram a PT ao abismo, e anuncia que o Ministro da Economia do Estado português nada fará para atenuar estragos e salvar o que for possível na defesa dos interesses nacionais. Aliás, é taxativo: «compete aos accionistas escolherem o caminho»!!!
Continuar a ler →